sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Informação rápida e furiosa (Parte 1/3) - Pontos e traços, a voz nos fios elétricos.





por Adriano S. M.



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(Conversão de Código Morse para Português: OLA AQUI QUEM FALA E O ADRIANO DO JAPANEWS.)
Pode até parecer engraçado ou mesmo estranho começar um artigo dessa maneira, mas, no início do século XIX, esse era o único modo conhecido de se receber uma mensagem instantânea de um lado ao outro do mundo, pelos famosos telégrafos. Atualmente temos uma maneira melhor de nos comunicarmos instantaneamente. O chamado SMS (do inglês Short Message Service – Serviço de Mensagens Curtas) é uma tecnologia inovadora que domina nossos meios de comunicação desde as décadas de 1980 a 1990. Mas alguns poderiam até dizer “Ô Adriano, tu é de que época? SMS é coisa de vovô que usa aqueles celulares ‘tijolão’! ”. Bom, se acha isso, vamos voltar um pouco na história da comunicação para a época dos grandes carteiros e suas grandes bolsas cheias de cartas de outros países para serem distribuídas nas cidades. “Mas isso não é tão velho assim, Adriano! Meu pai recebe ainda as contas pela caixa de correio.” Certamente, isso porque não foi completamente substituído pelo sistema de pagamentos online, pelo menos o sistema brasileiro, mas mandar cartas não é da minha época e com certeza também não é da sua nem de nossos pais; seus avós talvez possam contar como é manter uma conversa por cartas.
Mas vamos mais além no passado! Pombos-correios! Grande meio de transporte de informações a grandes distâncias – se não fosse abatido no meio do caminho para um churrasquinho – muito utilizado para atualizar os grandes monarcas e pessoas de alto padrão social desde que se sabe da domesticação de aves. Imagina você acordando numa bela manhã de sábado, indo ver a luz do sol, quando nota a distância um pequeno pombo se aproximando. Você pensa: “Café da manhã!”. Volta para sua casa, prepara um chumbinho, uma espingarda de pressão e espera a pobre ave se aproximar para encontrar o fim de sua jornada antes do esperado. Após abater o animal, você vai lá recolher o pombo e nota na sua perna um rolinho de papel amarrado. Tomado pela curiosidade, você o pega e abre para ver seu conteúdo, então se espanta ao saber que ali existe uma informação valiosíssima, que só vai ser revelada no final do filme. Baita enredo, não? Daria um bom filme de ação com o Tom Cruise com certeza! Mas sabemos que a nossa realidade é bem diferente da fantasia que o mercado cinematográfico traz para nós.
O que vamos realmente ver aqui, depois de uma longa introdução, é como a informação se propaga no mundo globalizado atual e seus impactos na sociedade cada vez mais conectada nesse mundo instantâneo. Mas antes um pouco de aulinha de história da informação. Claro que não vamos ver os primórdios da informação, que se iniciou desde que o ser humano aprendeu a se comunicar por meio de sons e gestos, mas sim o início do transporte da informação por meio de estudos e descobertas feitas por grandes homens do campo científico. Então vamos lá!
No século XVIII, um engenheiro francês chamado Claude Chappe, sobrinho do famoso astrônomo Jean-Baptiste Chappe d’Auteroche, construiu com a ajuda de seus 4 irmãos um sistema de estações que repassavam sinais ópticos, ideia concebida na Antiguidade, porém nunca trabalhada até então. Com a ajuda de um de seus irmãos, que fazia parte da Assembleia Legislativa durante a Revolução Francesa, Claude conseguiu o apoio para a construção das estações de retransmissão de sinais ópticos de Paris a Lille, a cerca de 190 quilômetros, para transmitir despachos da guerra. Os irmãos Chappe notaram que seria muito mais fácil de se ver os ângulos de uma haste do que a presença ou a ausência de painéis, que era o projeto inicial.
No final do desenho, o equipamento continha dois braços conectados a uma barra transversal. Ele trabalhava com um sistema de combinações por posição de cada braço e da barra transversal. Cada braço tinha sete posições, e a barra, quatro posições, permitindo um código de 196 combinações, e só seriam eficientes durante o dia, pois nem com a utilização de lâmpadas nos braços foi possível visualizá-los durante a noite. Cada estação era construída entre 12 e 25 quilômetros de distância de outra estação e continha dois telescópios, para poder se verificar os dois sentidos da linha. As primeiras mensagens foram mandadas com sucesso de Paris a Lille. Em 1794, a linha informou a Paris a captura de Condé-sur-I’Escaut dos austríacos em menos de uma hora após o ocorrido.
No século XIX, um homem chamado Samuel Morse, um físico e pintor norte-americano, certa vez participou de uma conversa sobre o eletroímã (equipamento utilizado para se gerar campo elétrico utilizando-se de corrente elétrica), um aparelho peculiar para a época e também muito pouco conhecido. Após essa conversa, Morse, ao final de sua viagem, teve uma ideia que revolucionou o mundo das comunicações da época, com o conhecimento que ele adquiriu sobre o eletroímã e sua função de gerar campo magnético para construir o que se conhece hoje como telégrafo elétrico, desenvolvido para se transmitir mensagens por meio de um cabo condutor de eletricidade, na maioria das vezes intercontinental, que transmitia pulsos elétricos onde, de acordo com um código de pontos e traços, se formavam as palavras da mensagem transmitida. Mas, como era demorado para se converter o código Morse para o idioma do país destinado, mesmo para profissionais, as mensagens tinham que ser curtas e objetivas.
Os traços e pontos utilizados para se escrever em Código Morse servem para representar os sinais curtos ou o “dit” (.) e os sinais longos ou o “dah” (-). Para aprender melhor Código Morse recomendo este site: http://pt.wikihow.com/Aprender-C%C3%B3digo-Morse. Não é o melhor site para aprender Código Morse, mas achei interessante a maneira como ele ensina. Para uma explicação detalhada do funcionamento do eletroímã e do telégrafo, acesse este link:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Eletro%C3%ADm%C3%A3#Tel.C3.A9grafo.
Após a criação do telégrafo elétrico, veio a dúvida se era possível transmitir um som ou mesmo a voz humana por meio do sinal elétrico. Antonio Meucci e Alexander Graham Bell responderam as duas perguntas. Antonio Meucci, inventor italiano e associado a Giuseppe Garibaldi, estudou os princípios da transmissão eletromagnética da voz por muitos anos e, após terminar sua invenção, melhorou-a de várias maneiras para poder ser aplicada para o uso da sociedade, o que conhecemos hoje como telefone; porém, não tendo recursos para continuar seu projeto, apenas o suficiente para patentear provisoriamente sua criação, teve que vendê-lo para Alexander Graham Bell, que então patenteou a invenção de Meucci como sua. Meucci então entrou em processo contra Bell, porém Meucci faleceu durante o processo e Bell ficou conhecido como inventor do telefone, até o trabalho de Meucci ser reconhecido em 11 de junho de 2002, durante o Congresso dos Estados Unidos, que aprovou uma resolução na qual estabelecia Antonio Meucci como inventor do telefone, e não Alexander Graham Bell.
O telégrafo foi muito utilizado até o final da Segunda Grande Guerra que, junto com o primeiro conceito de rádio de longo alcance chamado de SSB (do inglês Single Side Band – Banda Lateral Única), transmitia códigos criptografados e informações para a inteligência de um lado ao outro do Atlântico. Mas ele não deixou de ser utilizado após a invenção do rádio. Até hoje o telégrafo é muito utilizado na navegação aérea e marítima em um sistema de radiofarol chamado NDB (do inglês Non-Directional Beacon – Radiofarol Não Direcional). Para mais informações sobre o radiofarol, acesse o link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Radiofarol_n%C3%A3o_direcional.





2 comentários:

  1. Quanta informação, Adriano! Deve ter dado muito trabalho! Mas aumentou nosso conhecimento. Parabéns!

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  2. Ótimo artigo Adriano! Parabéns! Já fiz um código utilizando piano e ficou muito tri! Ansiosa pela continuação! Beijos!

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