por Adriano S. M.
As ondas
revolucionárias que emergiram no final da década passada no Oriente Médio e no Norte
da África, conhecidas mundialmente como Primavera Árabe (sendo uma alusão à
Primavera de Praga, movimento de libertação política da Tchecoslováquia
dominada pela União Soviética durante a Guerra Fria), foram manifestações e
protestos de cunho revolucionário democrático visando a mudança dos seus países
onde, em sua maioria, existia um governo de regime ditatorial que se estendia
por décadas sem mudanças internas do governo. Essas revoltas e movimentos
tiveram apoio em redes sociais, tendo iniciado na Tunísia em 2010 e se ampliado
para todo o mundo árabe graças à internet. Também é citado que uma das causas
mais fortes para o início dessas revoluções tenha sido o que aconteceu com um
jovem tunisiano chamado Mohamed Bouazizi, vendedor ambulante que sobrevivia vendendo
frutas em um carrinho pelas ruas. O governo alegou tal ato como ilegal e
confiscou o único meio pelo qual ele conseguia obter algum dinheiro. Não tendo
como defender sua causa e sendo humilhado por uma funcionária municipal, o
jovem comprou duas garrafas de diluente e ateou fogo a si mesmo em frente à
sede do governo. Em outubro de 2011, a União Europeia homenageou Mohamed com o
Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento junto com outras quatro pessoas
que dedicaram suas vidas ou ações em defesa dos direitos humanos e da
liberdade.
Em sua maioria, os atos contra os governos tinham caráter social, com
exceção da Turquia, onde se teve apoio militar; sua causa provém de fatores
demográficos estruturais, baixa qualidade de vida, alto desemprego,
consequências de tais regimes autoritaristas revelados pela exposição de
telegramas diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos no site Wikileaks. A
falta de liberdade, a militarização alta e a falta de infraestrutura que
beneficiam minorias e corruptos desses governos ditatoriais tiveram início entre
as décadas de 1950 e 1970.
Durante o período das
manifestações, o meio de comunicação que teve grande influência foi a internet,
pelas redes sociais, tendo como protestantes jovens em sua maioria, o que
durante as manifestações no Egito levou o nome de “Revolução da Juventude”, tendo
como vantagem sobre as gerações anteriores o ensino básico e até o ensino
superior. Com a Crise da Recessão de 2008, o mundo árabe entrou em mais tensão
por motivo do aumento de preços de produtos de uso básico e alimentos, que foi
sentido fortemente no norte da África, aumentando os níveis de pobreza nos
países nortenhos do continente.
Esses movimentos da
sociedade árabe contra seus líderes culminaram em diversos protestos aos
governos ditatoriais, além de deposição de governos tais como aconteceu na
Líbia, no Egito, no Iêmen e na Tunísia. Uma série de países teve mudanças
governamentais por consequência dos protestos e o início de conflitos civis no
Líbano, na Líbia, no Iraque e na Síria. Além de uma guerra civil, a Líbia
também passa por uma crise social e política que tem piorado a situação do país
ainda mais. Tais conflitos são chamados de Inverno Árabe, por motivo de sua
grande violência e intensidade.